Memorial de Ricardo Pampim dos Santos

Ricardo Pampim dos Santos
PROEJA – 2008-2009

Memorial apresentado para o Curso de Especialização em Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada à Educação Básica na Modalidade Educação de Jovens e Adultos, desenvolvido junto à Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sendo este um trabalho de avaliação de um dos módulos do curso.

“Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia de nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais” (Rubem Alves)
As primeiras linhas

Já havia me esquecido do quanto é desafiador falar de si mesmo. De repente, lembrei-me das primeiras entrevistas em busca de trabalho, daquelas dinâmicas de grupo em que cada candidato tinha de se apresentar e falar de si mesmo, das experiências, expectativas, o porquê de buscar a vaga e por aí vai. Falar em público era algo muito difícil para mim.
A idéia de escrever sobre minhas memórias também é um desafio. Embora haja em minha trajetória muitos momentos que me marcaram e me modificaram de alguma forma, tenho dúvidas de como vou discorrer sobre o assunto para que o memorial não se torne um tratado.
Vou usar do método tradicional para facilitar as coisas. Começo do início.

Minhas raízes

Nasci em Porto Alegre, em 1972. Minha mãe veio do interior em maio de 1971 e trabalhou durante anos para uma mesma família. Foi na casa dessa família que cresci rodeado de pessoas que me deram muito carinho e nutriram um grande respeito e admiração por minha mãe pela sua história de vida.
Sempre muito trabalhadora, minha mãe lutava para que não faltasse nada para mim e para que eu não sentisse a ausência de meu pai. Nunca soube o que é ter um pai, mas minha mãe esteve sempre muito presente na minha criação, me orientando sobre a vida. E a fez com muito êxito.
Aos 7 anos, fui para a escola. Estudei todo o 1º grau na Escola Elpídio Ferreira Paes, no bairro Cristal, bairro onde morei durante 17 anos.
Tive uma infância tranqüila, mas com 7 anos tive minhas primeiras responsabilidades para não sobrecarregar minha mãe. Ela trabalhava muito e eu precisava me virar para ir à escola, me alimentar e aprender a cuidar de mim.
A violência não era tanta como agora, mas o cuidado com tudo e com todos sempre foram as dicas de minha mãe.
Minha vó de “coração” também cuidou muito bem de mim, enquanto minha mãe fazia os trabalhos domésticos e assessorava uma família de 5 pessoas.

Alguém especial

Nessa mesma época, minha mãe conheceu alguém que se tornou uma pessoa muito especial na minha vida. Ele nunca teve a pretensão de suprir a falta de meu pai, mas para mim foi o que muitos pais biológicos não são para os próprios filhos: meu padrasto. Sempre me respeitou e me deu carinho da sua forma. Anos mais tarde, quando eu tinha uns doze anos, minha mãe teve uma menina, fruto desse relacionamento que já tinha alguns anos.
Nasce minha irmã Juliana, em 1984.

Na escola I

Tive problemas em me relacionar com os colegas na escola e de fazer amizades. Minha escola tinha alunos de classe social privilegiada. É incrível como somos seletivos desde crianças. Lembro-me de como era isolado pelos colegas porque eu era pobre, morava em vila e minha mãe pouco podia ir à escola, pois precisava trabalhar.
Minhas primeiras professoras foram Beatriz Dias, na primeira série; e Marilice Lopes, na segunda. Não sei dizer o porquê de nunca tê-las esquecido, mas acredito que seja pela atenção e pela forma como me ensinavam as coisas. Penso muito sobre isso hoje por ser um professor.
Era fascinado por elas. Tudo era novidade para mim e as descobertas daquele mundo novo me deixavam feliz quando chegava a hora de ir para escola.
Durante todo o 1º grau, nunca fiquei em recuperação e isso era motivo para minha mãe se orgulhar de mim, e eu dela. Éramos nós dois surpreendendo um ao outro. E assim, seguíamos nossa vida.
Minha mãe pode me ajudar muito pouco com as lições de casa, pois estudou só até a quarta série, mas se envolvia de alguma forma, mostrando-me que era importante realizar as tarefas e acreditar que aquela fase era de grande valia para a minha formação. Ela sempre acreditou em mim de forma positiva, mas nunca deixou de me repreender quando estava errado.
Ela sempre teve uma visão muito clara da vida, dos valores, da integridade e da confiança como formas de conquistar as pessoas.
Isso eu tenho como valores primordiais para mim. Procuro sempre me lembrar disso, embora, às vezes, se faça necessário fugir disso por uma questão de sobrevivência. É, vivemos momentos de muita concorrência em que a ordem é, via de regra, farinha pouca, meu pirão primeiro. É lamentável.
Mas essa não é minha essência. Já pensei muito nos outros primeiro e dependendo da situação e de quem, abro mão em benefício do outro sem arrependimentos.
Tudo para mim é aprendizado.


Na escola II

Fiz meu 2º grau na Escola Técnica Parobé. No final da década de oitenta o meu mundo já era bem diferente. Todos os “fantasmas” que me assombravam nos anos anteriores já não me assustavam mais. Superei-me ao conquistar amizades que naquela época eram as mais verdadeiras. Senti-me mais livre para começar a construir uma identidade para mim, mas não sabia o que queria de fato da vida. Mas era cedo. As festas eram garantidas todos os finais de semana. Legião Urbana, RPM, Titãs e Lobão eram verdadeiros hinos que expressavam toda uma geração. Saudades!!
Nunca fui do grupo dos estudiosos. Era o aluno considerado normal. Estudava para passar e não para saber. Que pena!
Engraçado que pouco me lembro, para não dizer quase nada, dos anos de estudos do 2º grau. Só dos estudos!
Acho que isso também era normal ou ainda é até hoje, faz parte da juventude.
O fato é que terminei o 2º grau e não sabia o que fazer, nem para onde ir.
Continuei fazendo festa...


O primeiro trabalho

Os passeios nos fins de semana começaram a exigir uma fonte de renda. Nem sempre minha mãe podia patrocinar minhas festas. Fui atrás de emprego. O que fazer? Sem experiência, sem referência, sem nada de nada.
Minha mãe perguntou para a dona de um supermercado pequeno, que havia perto de casa, se tinha alguma coisa que eu pudesse fazer. Fui trabalhar como empacotador. Na verdade empacotava os produtos, limpava chão, ensacava batatas - na época as batatas eram vendidas em saquinhos amarelos que pareciam umas redes - além de etiquetar produtos e limpar os queijos velhos e fedidos para colocá-los novamente nas prateleiras para serem vendidos. Que feio! Mas era a ordem.
Esse problema estava resolvido. Agora era só festa e festa.
O tempo passou e as cobranças da vida chegaram. Era hora de pensar em um tempo mais distante, mais à frente, diferente daquele depois da festa com a galera.
Eu precisava me auto-afirmar diante das angústias, inquietações e de conflitos internos que estavam gerando conflitos externos.
Parei para pensar quem eu era e quem eu queria ser. Foi difícil responder a qualquer uma das perguntas. Mas elas passaram a existir todos os dias na minha cabeça.


De volta à sala de aula

Sem saber o que queria, resolvi voltar a estudar. Fui fazer cursinho pré-vestibular. Na época, matriculei-me no Universitário. Nem sei se ainda existe. Era o que o meu bolso podia pagar. Achei o máximo. Senti-me realizado por conseguir pagar um curso pré-vestibular.
Agora as relações foram mais fáceis, pois todos ali tinham, no mínimo, uma coisa em comum: passar no vestibular.
Tempo bem legal. Mas não sabia ainda que curso escolher. Lembrei-me do filho de minha vó de “coração”, a chamo assim por ela ter me adotado como seu neto e minha mãe como filha mais velha. Ele havia feito Relações Públicas na PUC-RS. Achava interessante o trabalho dele e me passava a idéia de uma profissão de status. Ganhava bem, tinha um bom carro, ia nas melhores festas e era rodeado de pessoas bonitas. Era isso que eu queria, afinal, quem não gosta de ter sucesso na vida pessoal e profissional!?
Fiz a inscrição. Chegou o tal vestibular. Na época, tinha um número de acertos mínimos, 9, se não me falha a memória, em cada prova para entrar na UFRGS. Não obtive os acertos mínimos em matemática e física.
Mas não desisti. Gostei do cursinho e resolvi fazer de novo. Agora estava mais amadurecido e sabia que queria mesmo fazer uma faculdade. Mas aquele deslumbre de achar que a profissão de Relações Públicas do filho da minha vó era o “canal” para mim não fazia mais a minha cabeça. Minha escolha não poderia ser dessa forma, baseada no sucesso de uma pessoa que foi bem sucedida na sua opção.
Minha escolha precisava ter uma relação direta comigo. Resolvi que iria fazer Letras. Sempre gostei de português, mas nunca tive bons professores durante minha vida escolar. Nunca soube articular corretamente nossa língua e sempre tive muita dificuldade de me expressar e de escrever. Também penso nisso hoje, quando estou dando aula para os meus alunos.


No meio da caminhada

No ano seguinte, comecei a trabalhar numa livraria. Gostei bastante da experiência e do contato com os livros. Tinha um salário básico e ganhava comissão sobre as vendas.
Matriculei-me no cursinho, porém, tive dificuldades em pagá-lo. As vendas não estavam boas, então, minha avó ajudou-me a pagar as mensalidades.
Em setembro de 1998, minha mãe teve um AVC e teve de fazer uma cirurgia às pressas, pois corria risco de vida. Depois de um bom tempo em coma, ela acordou, mas ficou com muitas seqüelas. Parei de estudar para cuidá-la, pois não caminhava nem falava. Foi um período muito difícil para mim. Minha irmã com 13 anos estava muito abalada com tudo isso.
Em dezembro do mesmo ano, minha mãe com 47 anos, faleceu.
Voltei à estaca zero. E agora? Quem sou eu novamente? Perdi meu alicerce.
De novo aquela sensação de insegurança me incomodava. Não sabia o que fazer. Sem trabalho e sem cabeça para estudar. O vestibular era em janeiro.
Mas não tinha outra saída. Mesmo abalado pensei que para baixo não existia mais nada, pois eu já estava no fundo do poço. A saída só podia ser para cima. Ergui a cabeça e busquei forças jamais usadas para cuidar de minha irmã e de mim.
Fiz o vestibular da UFRGS, mas não passei. Minha avó me disse para procurar uma particular que ela me ajudaria a pagar.

Depois da chuva vem o sol

Fiz o vestibular na FAPA. Fiquei muito feliz, pois eu precisava que algo de bom me acontecesse. Era uma nova fase, mesmo com cicatrizes, que começava. Era hora de seguir em frente e pensar no futuro. Foi um sonho de minha mãe que eu realizei. Ela sempre me dizia que eu estudasse para ser alguém, pois ela não pôde estudar porque precisava trabalhar para ajudar a criar os irmãos pequenos. Minha avó biológica ficou viúva aos 37 anos e com 9 filhos para criar. Segundo minha mãe, foi uma fase longa e difícil de se passar.


Na academia

Durante o curso, amadureci muito. Fiz muitas amizades com colegas e professores que duram até hoje. Foi um período ótimo da minha vida. Realmente o mundo acadêmico é diferente. É um espaço de experiências de vida, de projetos, de escolhas, de crescimento, de evolução...
Enquanto estudava, trabalhava como promotor de vendas da Nestlé. Passava o dia inteiro na rua. Mas o meu cansaço só alimentava mais a minha vontade de evoluir profissionalmente e buscar a realização dos meus sonhos. Era difícil estudar para as provas, pois eu tinha de trabalhar até nos domingos. Mas consegui vencer esse desafio de trabalhar e estudar. Fiz minha faculdade em cinco anos. Saí bem diferente de lá.
Quando eu estava no quarto semestre de curso, me inscrevi para contrato na prefeitura de Porto Alegre. Umas duas semanas depois, fui chamado. Trabalhei em uma escola na Lomba Pinheiro, zona leste da capital. Fiquei lá por dois anos, pois era o máximo de tempo permitido por lei para fazer estágio.
Após esse período, fiquei um ano sem trabalho fixo, só fazendo alguns “bicos” para sobreviver.
No ano seguinte, fui chamado para trabalhar em uma escola particular. Estava lá há seis meses, quando me chamaram para contrato temporário no Estado. Trabalhei nas duas escolas, mas não estava agüentando o cansaço e a correria, pois uma escola era em Porto Alegre e a outra em Novo Hamburgo. Optei por ficar no Estado, embora a escola fosse mais longe. Era mais garantido e eu tinha mais horas. Escolha certa. No final do mesmo ano, fizeram uma limpa na escola particular e mandaram vários professores embora por contenção de despesas.


Desafios como professor

O período de estágio na prefeitura era, na verdade, para auxiliar/monitorar junto ao professor titular. Mas a realidade foi bem outra. Desde o momento em que eu cheguei, ganhei uma turma só para mim. E foi assim durante os dois anos em que fiquei estagiando. Embora indignado, pois não foi isso o combinado na contratação, foi muito bom para eu adquirir experiência. A escola para mim, serviu como oficina para uma nova profissão que havia escolhido. Passei momentos muito difíceis com alunos e professores, mas soube me defender.
No Estado, comecei trabalhando com o Ensino Fundamental, Médio e EJA. No primeiro momento foi um choque, mas tinha de encarar isso. Não tinha a mínima idéia de como trabalhar na EJA e nem sabia por onde começar. Deram-me uma folha com meia dúzia de conteúdos e um “boa sorte” e era isso...Aprendi na marra. Alguma coisa tinha de sair. Comecei conversando com todos os alunos das salas em que eu entrava. Precisava conhecê-los para saber por onde começar.
O trabalho não foi nada fácil, pois a escola não tinha bem estruturada essa modalidade por motivos de troca de coordenador ou falta dele, falta de professores...aqueles velhos problemas da educação pública estadual.
Hoje, passados oito anos como professor, embora tenha me formado há quatro, tenho como premissa que ainda há muito o que fazer por parte de governo, professores, pais e gestores de escola. Nesses oito anos, passei por escolas municipal, particular e estadual e vejo que todas elas têm suas falhas. Vejo que é fundamental pensar em uma escola inovadora voltada para as vertiginosas transformações pelas quais passamos todos os dias. Uma escola que emancipe, que transforme, que ensine o aluno a ser empreendedor e não uma escola que passe a idéia de que apenas o diploma de ensino médio é importante para garantir um futuro melhor. A idéia de que diploma de Ensino Médio é sinônimo de emprego garantido já era.
Falta muito ainda para alcançarmos uma escola que queira desafiar a educação que existe e que não está preparando, de fato, um aluno que será independente, capaz de pensar, questionar, transformar e modificar o seu mundo.


Reflexões

Não culpo somente as escolas, mas também as famílias que se acomodam diante dos fatos e nada fazem para mudar a realidade da escola e que aceitam, sem contestação, as mudanças radicais deliberadas pelos governos. Na escola pública, não se consegue avançar por culpa de um sistema político e econômico.
Nunca existirá mudança sem envolvimento, trabalho e conhecimento. E acredito que governos sempre farão o básico pela educação porque é um direito garantido constitucionalmente. Mas, muitas vezes, fica subentendido, através de ações governamentais, que educação é gasto e não investimento. Verbas existem. Faltam são políticas para o setor e boa vontade por parte dos poderes.
É notório que exista uma grande desmotivação dentro das escolas por parte de alunos, professores e gestores e, assim, fica difícil dar uma repaginada urgente e necessária na educação pública. E isso é favorável a governos que pouco ou quase nada investem na educação por conta desta inércia da sociedade.
Dentre os vários textos discutidos nas aulas do curso de especialização PROEJA, lembro-me de ter lido um trecho do texto de C. Wright Mills, A Imaginação Sociológica, do qual cito uma passagem:

“A precisão não é o único critério para a escolha do método e não deve ser confundida, como ocorre com freqüência, com o ”empírico” ou o “verdadeiro”. Deveríamos ser tão precisos quanto formos capazes em nosso trabalho sobre os problemas objetos de nossa atenção, mas nenhum método, como tal, deveria ser usado para delimitar os problemas que tomamos, quanto menos não fosse pelo fato de que as questões mais interessantes e difíceis de método começam, habitualmente, quando são aplicáveis as técnicas consagradas”.(1969,pag. 82)

Mas por que cito essa passagem de Mills no momento em que estou refletindo sobre a minha trajetória e experiências como docente? Percebo que durante esses anos que já trabalhei, em todas as escolas sempre houve uma forma única de trabalho defendida por parte de gestores, supervisores, enfim, o pessoal do setor burocrático. Nunca houve, em reuniões pedagógicas, uma abertura para rediscutir a forma de como deve ser o processo de aprendizagem do aluno que temos hoje: um ser que está crescendo diante de uma sociedade extremamente competitiva, de desigualdades cada vez mais avassaladoras, de uma cultura que prevalece o individual, da necessidade de ser crítico e o poder como arma para subordinar pessoas.
Como fica o professor que quer adaptar o seu método de trabalho a essas questões se o que vale é a maneira de como três ou quatro pessoas que estão numa direção “vêem” a escola?
Na prática, os professores acabam por trabalhar de forma igual, independente do perfil da turma, e isso desmonta com os conceitos da pedagogia de que cada aluno é um ser individual, portanto, deve ter o seu processo cognitivo desenvolvido de acordo com suas habilidades e competências.
Por mais que os professores busquem se atualizar, na prática, não há uma “liberdade” para trabalhar e aplicar o seu método, por culpa do sistema padronizado de avaliação que tem que ser seguido.
Há muitos equívocos na escola atual.

Últimas linhas

Está bem evidente neste memorial que estou muito decepcionado com a educação que está sendo oferecida. Todos têm sua parcela de responsabilidade nisso tudo como já citei anteriormente. Mas ainda defendo que a mudança virá por questões políticas e participativas.
Lembro-me de uma discussão sobre um texto do Paulo Freire na aula do professor Alexandre Virgínio em que fiz a seguinte pergunta a ele: Por que atrás de todo o discurso pedagógico está evidenciado que o professor tem que rever a sua prática pedagógica, ou seja, ele é o principal responsável pela transformação no processo ensino-aprendizagem, enquanto está muito claro que a base dessa discussão deveria ser a revalorização do professor, alunos desinteressados em adquirir conhecimento por culpa de uma cultura de massa que invade suas casas e de gestores que pensem em uma educação necessária diante desse panorama?
Minha inquietação é constante diante dessas questões.
Já fiz diversos cursos, visando atualizar-me, modificar-me na forma de trabalhar, mas acabo esbarrando na política escolar, no aluno que não quer trabalhar e iindiferente a tudo que acontece ao seu redor.
Sinto-me como um “remador” - expressão de Rubem Alves - perdido em alto-mar em meio a uma tempestade e que não sabe para onde dirigir o seu barco.
Na folha de rosto do início desse trabalho, coloquei um pensamento dele sobre o que é educar. Acredito muito no que ele diz e talvez seja isso o que ainda me faça ter esperanças de um dia ver a diferença, embora, sendo bem realista, não veja muita perspectiva para isso.
Desculpe-me professor ou professora por ter manifestado minhas idéias, não sei se foram bem claras, aqui neste trabalho. Não sei se a proposta me permitia isso, mas durante a escrita do memorial minhas lembranças sobre esses anos de docência fervilharam. Vivenciei muitas situações que deixariam qualquer pessoa, que respeita o seu trabalho, indignada diante da prioridade e da visão que há dentro das escolas. Mas isso talvez eu traga em um outro momento, lá no TC.
Para finalizar, cito uma passagem do livro de Rubem Alves (1985) no livro Conversas com quem gosta de Ensinar:

“Para onde queremos que o barco vá? Somente depois de respondidas estas perguntas teremos condições de tomar decisões lúcidas acerca do que deve ser pesquisado. Uma vez tomada a decisão, e somente então, faz sentido suar o remo. Antes disso seremos apenas sonâmbulos que não sabem o que fazem”. (pag. 87)

Referências Bibliográficas

ALVES, Rubem. Conversas com quem gosta de ensinar.São Paulo: Ed. Cortez, 1985. 87 pag.
MILLS, C. Wright. A imaginação sociológica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1969. 82 pág.

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