Memorial de Ângela Gomes

Porto Alegre, 2006

Memorial apresentado a Pós-graduação em Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA como requisito para a avaliação do Módulo I.

MENSAGEM
“Passado. Aquilo que já se foi, mas persiste em
estar presente nas lembranças guardadas em
nossa mente, desde a mais remota infância.
Época que desperta saudades, de poder
reviver detalhes, encontros e casualidades
de grande felicidade.
Para outros, que a borracha apague as
tristezas e frustrações que esse tempo
produziu, mas, por favor, eu peço, não
permita que se esqueçam das lições
que ele deixou.
Passado, são raízes fincadas no da
existência, espaço livre e inabalável para
quem nasceu, cresceu e alegria ofereceu.
Não fosse o passado eu jamais seria, não
fosse ele eu jamais teria, do que falar,
do que sentir e do que compartilhar.
Meu passado, minha escola, meu mestre
e minha história”.
(Gilberto F. Coelho)

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO
1- O INÍCIO
2- O MUNDO DO TRABALHO – PRIMEIRO EMPREGO
3- NA UNIVERSIDADE
4- A FORMATURA
5- ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO – UFRGS
6-TRABALHANDO NA SOUZA CRUZ
7- ALUNA PEC NA UFRGS
8- MESTRADO EM EDUCAÇÃO – UFRGS
9- PÓS-GRADUAÇÃO EM PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL AO ENSINO MÉDIO NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – PROEJA
10- CONCLUSÃO
11- REFERÊNCIAS

APRESENTAÇÃO
Registro aqui alguns fragmentos de minhas memórias, que por algum motivo, ao qual desconheço, afloraram mais do que outros no instante que me questionava, refletia sobre minha trajetória de vida, minhas escolhas. Foco este memorial nas minhas vivências educacionais e experiências profissionais.
Neste sou sujeito e objeto de pesquisa. Sujeito enquanto indago-me, procuro saber mais sobre o que lembro. Objeto quando me “ouvia”, sendo ao mesmo tempo um instrumento de transmitir e receber a memória que é de “alguém” (eu), um meio de que esse alguém (eu) se valia para transmitir minhas próprias lembranças. Então, ao mesmo tempo pesquisadora e pesquisada.
Utilizo como capa deste trabalho uma foto, gosto desta imagem. Li em algum lugar, que no momento não consigo lembrar onde, que as fotos que escolhemos são por que de alguma forma queremos salientar, eternizar este momento. Pensando desta forma e pensando nas questões que trago a seguir sobre minha vida, vejo que procurei registrar basicamente fatos positivos da minha existência, assim como na primeira foto que trago, com olhar brilhante é essa forma que gosto de ver a vida, de ver as pessoas: alegres, brilhantes, com motivação de estarem vivas e fazendo o que gostam.
Então, registro aqui basicamente momentos positivos da minha trajetória, pois os tristes procuro deixar em um arquivo “morto” de minha memória, pois acredito que a vida é breve demais para ficarmos remoendo tristezas e nos sentindo vítimas do destino, “coitadinhos”. Quando acontecem momentos tristes na minha vida eu reflito sobre a situação e as retomo caso seja necessário para não cometer os mesmos erros, se dependerem de mim. Acredito que tudo que passamos de alguma forma é uma lição, assim busco escolher lições que julgo serem melhores para o meu desenvolvimento como ser humano, que infinitamente busca amar e ser amado.
Trago neste, fragmentos de minhas memórias que se limitam a minha vida escolar desde a infância até o Mestrado e a Especialização no PROEJA. Descrevi, sucintamente dividindo em capítulos para melhor entender meu processo de formação, a saber: O Início, no qual relato o meu nascimento e minhas experiências da 1° série do primeiro grau até o 3° ano de Mecânica; O Mundo do Trabalho – Primeiro Emprego, trago como foi esta vivência de trabalhar como Mecânica; Na Universidade, relato a minha trajetória acadêmica na UNISINOS; A Formatura, descrevo esse momento; Especialização de Fisiologia do Exercício – UFRGS, comento a importância deste conhecimento que adquiri; Trabalhando na Souza Cruz, relato minhas observações em quanto professora de Ginástica Laboral; Aluna PEC na UFRGS, novamente estudando o processo de envelhecimento; Mestrado de Educação na UFRGS, descrevo a importância deste para a minha vida profissional e de crescimento em quanto ser humano e para finalizar a Especialização em PROEJA, que tem acrescentado conhecimentos pedagógicos.
1- O INÍCIO
A escola ideal, segundo Rubem Alves (2006):
É uma escola que encoraja os seus alunos a pensar, que não corta a sua imaginação. É uma escola que os faz confiantes em si mesmos. É uma escola que cria, entre os alunos, um espírito de solidariedade e cooperação. São escolas que ajudam as crianças a ver. Insisto nessa palavra ver: ‘A primeira missão da educação é ensinar a ver’, dizia Nietzsche, ensinar a se assombrar diante das coisas do mundo e da vida, e ensinar a pensar. Não existe nada mais fatal para o pensamento que uma resposta pronta.
Minha história tem início no dia 16 de agosto de 1971, na cidade de Porto Alegre. Tenho dois irmãos e uma irmã. Quando eu tinha seis anos de idade fomos morar na cidade de Bagé, onde cursei a primeira série do ensino fundamental, no ano de 1978 onde estudei na Escola Estadual Mestre Porto. Neste momento, pensando nesta fase vivida, consigo voltar ao tempo e me ver com minha mãe comprando o meu material escolar, escolhendo a minha merendeira, o caderno, os lápis. Quanto a minha bolsa lembro que minha mãe a fez de uma perna de calça de brim, bordou o meu nome, achei que ficou linda!
Recordo que minha mãe me levou na escola no meu primeiro dia de aula, finalmente estaria realizando o meu grande sonho de estudar, não sabia o que isto significava, mas queria muito ir para a escola, pois estava curiosa para saber o que se fazia neste ambiente de tão especial que todas as crianças que eu conhecia iam para lá. Lembro também, que estava ansiosa por conhecer minha professora, meus colegas. Na entrada da sala de aula observo algumas crianças que estavam chorando grudadas em suas mães, sentiam medo de ficarem “sozinhas” na escola, ao contrário de mim que estava achando o máximo estar ali com tantas crianças.
O nome da minha professora era Camila, esta utilizava uma cartilha a qual eu não recordo o nome, mas lembro que tinha vários desenhos. A primeira imagem que vi no quadro foi uma flor dentro de um vaso, onde a professora explicou que tudo tinha um nome e além de falar o nome dos objetos nós também poderíamos escrever estes nomes, então ela abaixo do desenho escreveu flor, achei o máximo. Também, no primeiro dia, fizemos exercícios de coordenação motora para “amolecer a mão” (onda vai, onda vem) e recortamos figuras. Uma das coisas que eu mais gostava no colégio era as brincadeiras de roda e montar quebra-cabeça.
Tento lembrar o nome dos meus colegas, mas só ocorreu-me um nome: Joana e lembro que eu prometi a ela que jamais esqueceria o seu nome, pois eu associei ao nome da cantora Joana. Ao lembrar dos colegas uma imagem vem muito forte a minha memória a de uma colega que passava o tempo todo roendo lápis e seu olhar me chamava a atenção, pois estava sempre distante, sem brilho e ela ia para a escola de chinelo durante o inverno, eu sentia pena dela. Pedi a minha mãe para dar um sapato para ela, a minha mãe falou com a professora se poderíamos ajudar, a professora disse que conhecia a família que era uma família que tinha excelente condição financeira, mas os pais não se importavam com a filha, saber disso me deixou mais triste.
No ano de 1979 retornamos a Gravataí e meus pais se separam tornando a nossa situação financeira que já era difícil ainda pior, nesse período minha mãe retorna ao mercado de trabalho para poder sustentar a nossa família.
Da segunda até a quarta série estudei na escola Estadual Clotilde Rosa, esta escola ficava perto da minha casa. Uma lembrança me vem a cabeça, na segunda série minha sala de aula ficava ao lado da sala do pré, eu gostava de observar eles desenhando, brincando e sentia vontade de estar com eles, pois na segunda série nós só brincávamos no recreio, eu achava que era muito pouco tempo, e para ser sincera continuo achando. Perguntei a minha mãe por que eu não fiz o pré, ela me respondeu que o pré era perda de tempo, que as crianças não aprendiam nada era só brincadeiras e que o material exigido era muito caro.
As lembranças que tenho da quinta à oitava série do primeiro grau são muitas. Quando penso nesta fase, a qual estudei na escola estadual Adelaide Pinto de Lima Linck (Polivalente), sinto uma alegria de recordar estes momentos e uma dificuldade de selecionar quais trazer a público. Lembro que na quinta série passei a ter vários professores, várias matérias, mais conteúdo, tive que memorizar muito mais, mais temas, de início foi um pouco confuso assimilar toda essa mudança, mas com o tempo fui me adaptando e gostando do ritmo. Também, recordo que a primeira vez que entrei na biblioteca desta escola fiquei fascinada pela quantidade de livros, queria saber o que cada um continha, o que tinham para me dizer.
A matéria que mais gostava era Educação Física, poder correr, fazer ginástica, dançar, participar de jogos me fascinava simplesmente por que eu me sentia livre, ao final das aulas eu estava suada, cansada, porém feliz. Já, quanto à matéria de Português eu não suportava estudar a gramática, parecia uma tortura, nunca entendia se era com “s” ou com dois “ss” ou com “ç”, todas aquelas regras, exceções não faziam sentido para mim e infelizmente ainda tenho dificuldades. Porém, estudar literatura e fazer redações era maravilhoso, pois parecia que estava estudando história e a redação me dava a oportunidade de criar minhas próprias histórias, isso me fascinava.
Assim que o ano de oitava série estava terminando, o assunto e a dúvida da turma era “para qual escola ir o ano que vem?”, pois a escola que eu estava não tinha o ensino de segundo grau, por sinal na época na cidade de Gravataí não era oferecido o ensino de segundo grau diurno, fato este que me preocupava, pois eu sabia que minha mãe não deixaria eu estudar a noite com treze anos e pagar uma escola particular para o nosso orçamento seria muito difícil, mas deixar de estudar seria impossível para mim, seria como se tirasse minha vida. Finalmente, minha mãe me acalmou ao me matricular na escola particular Nossa Senhora dos Anjos, onde cursei Auxiliar Técnico em Mecânica.
O tempo que cursei o segundo grau de mecânica valeu pelas amizades, pelos professores, pelas atividades de dança e treinos de handebol, ou seja, mais pelo convívio social do que pelo conteúdo adquirido. Percebi quando fui trabalhar que o segundo grau foi muito limitado perto das inúmeras situações que a profissão de mecânica nos exige, na verdade, tudo que precisei para trabalhar como mecânica aprendi na prática.
2- O MUNDO DO TRABALHO – PRIMEIRO EMPREGO
A palavra trabalho tem vários significados na linguagem cotidiana. Mesmo que pareça compreensível como uma das formas elementares de ação dos seres humanos o seu conteúdo oscila. Em alguns momentos trabalho designa a operação humana de transformação da matéria natural em objeto de cultura, em outros, trabalho vem carregado de significação emocional, quando lembra dor, fadiga, suor, tortura.
Em relação ao seu papel, em seu aspecto individual, o trabalho tem como significado, poder permitir ao ser humano expandir suas energias, desenvolver sua criatividade e realizar suas potencialidades. Socialmente, o trabalho teria como objetivos últimos à manutenção da vida e o desenvolvimento da sociedade. Arent discutindo a condição humana e o papel do trabalho na vida do homem, afirma que este ascendeu em todas as categorias sociais como a mais importante de todas as atividades humana (apud PACHECO, 2002).
No meu caso o ingresso no mundo do trabalho teve início com um telegrama que recebi no dia que completei dezoito anos. Este telegrama trazia o convite para participar de um processo de seleção para a vaga de mecânica preparadora em uma industria, para mim foi como um presente de aniversário. Fui fazer o teste e obtive a melhor classificação, este fato trouxe-me a possibilidade de atuar neste setor de trabalho, em que os homens são a maioria. Trabalhar em uma profissão dita “masculina”, ser a primeira mulher mecânica na empresa, fez-me perceber que as mulheres necessitam lutar pelos seus direitos, pois ainda recebem menos que os homens, na execução das mesmas tarefas. Também, sentia-me o tempo todo vigiada tendo que provar que uma mulher pode executar as mesmas tarefas e ter um bom desempenho, tanto quanto os homens.
Nessa indústria permaneci por nove anos e seis meses, gostava do meu trabalho, mas à medida que o tempo foi passando o trabalho na indústria foi se tornando mais difícil de ser realizado e ter prazer na execução do mesmo. Com as mudanças socioeconômicas ocorridas no final do século XX, tanto no Brasil, como no mundo, apresentavam como características dois aspectos contraditórios: de um lado o crescimento da produtividade com a utilização de novas tecnologias e novas formas de organização, e de outro, a eliminação de postos de trabalho, o que estava levando cada vez mais a exclusão de trabalhadores do mercado de trabalho.
Essas mudanças então, afetaram o mercado de trabalho e as nossas vidas. Com o surgimento de novas formas de gestão e organização do trabalho, a indústria para a qual eu trabalhava passou de três mil e quinhentos funcionários para setecentos e cinqüenta. Passou a se exigir mais dos funcionários, ou seja, maiores imposições de horário, de ritmo, de formação, de informação, de aprendizagem, de nível de instrução e de diploma, de experiência, de rapidez de aquisição de conhecimento teóricos e práticos. Com a crescente exigência que passamos a ter em nosso ambiente de trabalho, observava o sofrimento das pessoas que temiam não satisfazer, não estar à altura das imposições da nova organização do trabalho, o medo diário de ser demitido, levou-nos a aceitar as novas culturas e a ideologias da empresa tornando- nos mais eficientes e mais subordinados, convencendo-nos que éramos mais felizes nesse ambiente, e de que não havia outra alternativa se não aceitar as novas regras para não ser demitido.
Apesar de todos os problemas, dificuldades vividas neste ambiente de trabalho eu gostava do que fazia, e estar com meus colegas diariamente – na alegria e na tristeza – me dava a sensação de pertencer a algo, a uma classe, a um coletivo e a satisfação de estar contribuindo para a sociedade com equipamentos que iriam trazer benefícios (capacitores – que, por exemplo, podem ser utilizados em rádios e tantos outros equipamentos eletrônicos que estão no mercado).
Além do trabalho, tínhamos um grupo de funcionários que praticava atividade física, tais como: futebol (campo e salão), vôlei, atletismo etc. A partir destas atividades nosso grupo participava das competições do SESI, tanto a nível regional como estadual. Participar das competições do SESI sempre me dava prazer, pois apesar de ter uma rivalidade entre as empresas na competição, também havia uma alegria em fazer novas amizades, ter um tempo para conversar e ouvir o outro. Participei de competições de atletismo 100m, 200m e salto em altura.
3- NA UNIVERSIDADE
Minha primeira tentativa no vestibular foi em janeiro de 1989, para o curso de psicologia da UFRGS, sonhava em estudar nesta instituição tanto pelo que ela representava quanto por não pagar mensalidades.
Lembro do dia que fomos nos inscrever para o vestibular eu e mais seis colegas do segundo grau, era no mês de setembro de 1988, estava frio e chovia muito. Tivemos que caminhar da Av. Assis Brasil até a escola de psicologia na Ramiro Barcelos, acredito que jamais esquecerei aquela lomba que parecia não ter fim, quando chegamos todos molhados, com frio e esperamos mais de duas horas na fila para nos informaram que deveríamos ir até a Faculdade de Educação no centro de Porto Alegre. Ao chegar na Faculdade de Educação vi a maior fila da minha vida. Durante a espera, na fila, conversava com os meus colegas sobre o futuro a ser vivido. Revelávamos nossas expectativas quanto a passar no vestibular para ser um profissional “ser alguém” e nossos desejos pessoais.
Infelizmente ninguém da nossa turma passou no vestibular da UFRGS naquele ano. Então, o sonho teve que ser adiado, primeiro deveríamos arrumar um emprego para poder pagar uma Universidade particular.
Novamente fazer vestibular, só que agora era na UNISINOS em 1990, passei no curso de Engenharia Mecânica, optei por este curso por estar trabalhando nesta área. À medida que o tempo ia passando mais eu me conscientizava que não estava satisfeita com o curso, então decidi trocar, mas foi um processo doloroso, pois eu já havia investido tempo e dinheiro em algo que não iria concluir, este fato me angustiava me dava uma sensação de fracasso, porém eu tinha consciência de que seria pior continuar fazendo algo que não me trazia satisfação.
Em 1994 decidi cursar Licenciatura Plena em Educação Física, acho que escolhi este curso devido a minha paixão pelo atletismo e atividades físicas em geral. Apaixonei-me pelo curso, passei a me sentir completa, realizada. Quanto mais o tempo ia passando, mais eu me sentia motivada a estudar e a obter mais conhecimento.
No quarto semestre fiz a disciplina de Terceira Idade, optativa no curso de Educação Física. Essa disciplina tinha a característica de ser interdisciplinar com alunos e professores das áreas de Educação Física, Nutrição e Psicologia. A qual tinha como objetivo de preparar melhor os profissionais para trabalhar com os idosos. Esse foi o início de meu aprendizado sobre o processo de envelhecimento, despertando em mim o interesse de saber mais sobre este tema, bem como o começo do meu interesse sobre o assunto. Durante este período a professora Rosemary Oppermann, que ministrava essa disciplina convidou-me, a participar do projeto NUTTI (Núcleo Temático da Terceira Idade), que tinha como objetivo: proporcionar a integração de idosos no campus universitário, através de atividades didático-culturais, físico-esportivas e de pesquisa acadêmica.
Com o Núcleo Temático da Terceira Idade atuei nos asilos São José Padres e Irmãos Jesuítas e no asilo São Francisco – São Leopoldo. Minha função era de estagiária voluntária nas atividades físicas.Tínhamos os seguintes objetivos: motivar os idosos para desenvolverem atividades em grupo, aumentar suas atividades corporais e implantar atividades recreativas, com vistas na manutenção das atividades da vida diária. Reuníamos uma vez por semana com os moradores dos asilos e os profissionais que ali trabalhavam, para diagnosticar ações necessárias para intervenção gerontológica, na promoção de qualidade de vida dos moradores do asilo.
O grupo NUTTI realizava na UNISINOS, uma vez por mês, uma reunião com todos os participantes do grupo dos diferentes seguimentos. As reuniões tinham como objetivo, relatar nossas vivências, trocar informações, fazer uma reflexão sobre as mesmas, tirar dúvidas que surgiam no decorrer do programa, promover uma integração entre os participantes. Fazia parte desse grupo estagiários de Educação Física, Nutrição, Psicologia e Idosos do Grupo Maturidade.
Muito aprendi com essa experiência, com as orientações das professoras Rosemary Oppermann e Suzana Wolf, (responsáveis pelo projeto), com as trocas de informações proporcionadas pelo trabalho interdisciplinar e com as experiências de vidas dos idosos. O projeto me oportunizou fazer uma pesquisa de campo para o trabalho de conclusão e a participação no curso de capacitação de facilitadores dos Jogos de Integração do Idoso/RS.
Fiz também um estágio no Grupo de Convivência de Terceira idade da ANVEP, localizado no bairro Sarandi – POA. Participavam desse grupo, quarenta e cinco mulheres e três homens. Durante o tempo do estágio, pude observar a importância que tem o grupo para os idosos; sentiam-se mais autônomos, mais solidários, compartilhavam mais com o grupo e conseqüentemente sentiam-se fortalecidos na cidadania e no sentimento de identidade. O idoso encontrava no grupo fundamentalmente suporte social e apoio para seu aprendizado. Observei que à medida que o tempo passava, os integrantes melhoravam seus aspectos físicos e pareciam mais felizes mais motivados a realizarem seus sonhos.
A experiência obtida com o grupo de convivência foi muito gratificante, pois me possibilitou a por em prática o conhecimento acadêmico obtido até então, e a buscar mais conhecimento para responder as muitas dúvidas que surgiam durante esse convívio. Constatei que trabalhar com grupo de idosos necessitava promover uma educação efetiva e permanente para a saúde e a ocupação do tempo livre e de lazer, como meio eficaz para a conquista de um estilo de vida ativo e compatível com as necessidades de cada etapa e condições da vida do ser humano. Partido, dessa constatação percebi que me faltava mais conhecimento e compreensão social da necessidade e desejos desse grupo. Essa experiência também me oportunizou fazer uma pesquisa de campo para o trabalho de conclusão.
No trabalho de Conclusão, cujo título foi “Influências Biopscicossociais da Atividade Física na Terceira Idade”, tive como objetivo principal à obtenção de um maior conhecimento sobre as alterações biopsicossociais que ocorrem na Terceira Idade, para identificar e compreender as necessidades e interesse dos idosos em relação à Educação Física. Participaram dessa pesquisa dois grupos: o grupo NUTTI e o da ANVEP.
Também, enquanto cursava a faculdade estagiei durante um ano como instrutora de ginástica laboral para os funcionários da UNISINOS. Durante este período aprendi a fazer avaliação postural, a observar os problemas de saúde que os alunos tem e principalmente aprendi a escutá-los para saber o que eles desejavam e precisavam desta atividade.
Além destes estágios citados, durante a graduação fiz quatro estágios curriculares: Na escola Jesus Menino na cidade de São Leopoldo no ano de 1999 com uma turma de pré-escola. No ano 2000 estagiei em três escolas na cidade de Gravataí: Escola Estadual Irmã Cléssia, com uma turma de quarta série; na Escola Estadual Nicolau Chiavaro Neto com uma turma de quinta série do ensino fundamental e na escola particular Dom Feliciano, com uma turma do primeiro ano do ensino Médio. Estes estágios me oportunizaram a trabalhar com crianças e adolescentes faixa etárias que até então eu não havia trabalhado.
Durante a faculdade foi a alguns congressos com os colegas de curso, onde nestes além da oportunidade de aprendizado que eles nos proporciona, conhecemos outros lugares e fizemos novas amizades. Um dos cursos que quero destacar foi o de atletismo, o qual atuei como arbitra durante quatro anos, atividade pela qual eu tenho paixão.
Também, nos finais de semana e feriados que não estava trabalhando como arbitra, trabalhava como recreacionista no hotel Lage de Pedras em Gramado. Foi uma excelente experiência, pois pude ter mais contato com crianças e aprendi várias atividades com recreacionistas mais experientes.
Trabalhar como professora de Educação Física me demonstrou a necessidade de estimular e fomentar o direito de todas as pessoas à atividade física, por vias formais e/ou não formais; a promover estilos de vida saudáveis, conciliando as necessidades de indivíduos e grupos, atuando como agente de transformação social; a conhecer e utilizar os recursos tecnológicos, inerentes à aplicação profissional. Percebo, então que é necessário que o professor de Educação Física tenha uma educação permanente de atualização, para uma melhor inserção na dinâmica educacional e social exigida do profissional, uma vez que os parâmetros que o próprio desenvolvimento humano não são estanques e imutáveis, exigindo também do profissional que se mantenha permanentemente atento, que não permaneça estático e rapidamente superado pelas contingências de um universo em constante mutação e evolução.
4 – A FORMATURA
Durante o último semestre havia toda uma expectativa para a formatura, reuniões com a turma de formandos escolha de convites, de músicas, de professores homenageados e mensagem que iríamos fazer. Fizemos durantes este período duas festas, filmagens e fotografias de alguns momentos para que nosso grupo tivesse registrado a memória deste momento tão significativo em nossas vidas.
A formatura foi no dia 18 de agosto de 2000, este dia ficou registrado para mim com um misto de alegria e tristeza, de certeza e incerteza. Alegria por ter conseguido realizar um sonho – o de se formar, tristeza por saber que na segunda-feira já não estaríamos ali, com nossa turma de amigos vivendo aprendendo, adquirindo experiência de vida, de certeza por ter feito o que queria, o melhor possível e de ter vivido cada minuto com muita satisfação, de incerteza ao olhar para o futuro e então me perguntar: E agora?
5 – ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO - UFRGS
Para não sentir muita saudade de estudar e por sentir a necessidade de qualificação comecei a especialização em Fisiologia do Exercício na UFRGS, três dias após a minha formatura. A especialização, possibilitou-me um maior entendimento dos processos fisiológicos que ocorrem no nosso corpo ao longo de nossas vidas, bem como, perceber como o corpo responde as demandas fisiológicas da atividade físicas. A fisiologia me capacitou na avaliação, prescrição e acompanhamentos de programas de treinamento físico, desportivo e reabilitação. Além disso, me proporcionou contato com os mais modernos métodos de pesquisa básica e aplicada ao estudo do movimento humano.
Através da especialização participei do Projeto de Ginástica Laboral da UFRGS, onde ministrava aulas de ginástica e coletava dados para a pesquisa - Ginástica Laboral: “Qualidade de Movimento, Bem Estar e Produtividade”. Devido à participação nesse projeto recebi o convite para trabalhar na indústria Souza Cruz como professora de ginástica laboral.
6- TRABALHANDO COMO PROFESSORA DE GINÁSTICA LABORAL
Trabalhei como professora de ginástica laboral em uma industria do ramo de alimentos, durante três anos, 2000 à 2003, durante este tempo pude observar que os funcionários jovens que ingressavam na empresa em questões de meses começavam a se queixar de dores e os mais velhos sofriam de dores crônicas e das mais diversas patologias e sintomas depressivos. Sendo estes, afastados da empresa temporariamente ou em definitivo. Esses afastamentos fazem com que os trabalhadores venham a depender do Sistema Único de Saúde e conseqüentemente seus salários ficam mais reduzidos. Acompanhava a trajetória dos trabalhadores e constatava que a maioria não fazia o tratamento que lhe era indicado, estes relatavam a falta de dinheiro para os medicamentos e para o custeio de passagens até a clinica de fisioterapia.
Comecei então, a pesquisar mais na fisiologia tentando achar maneiras de prevenir e tratar as patologias relacionadas com o trabalho, no sentido de proporcionar aos trabalhadores da empresa uma melhor qualidade de vida e um envelhecimento mais saudável. Através de revisões literárias passei a compreender, que existe dois grandes componentes do envelhecimento que atuam no processo de envelhecimento. O chamado envelhecimento intrínseco que está relacionado à condição genética e metabólica que determinam, por exemplo, a menopausa, a diminuição da água corporal e outras características comuns ao organismo humano envelhecido. A atuação sobre a genética tem sido alvo de inúmeras investigações, permitindo hoje, a prevenção nesse nível, sendo que os trabalhadores de baixa renda, na maioria das vezes não têm acesso a essas conquistas da ciência. Entretanto, considera-se que de amplo alcance são as características ambientais, que é o segundo componente do envelhecimento é a “programação” extrínseca do envelhecimento, que da a possibilidade real de retardar a evolução dos processos negativos associados ao envelhecimento, que se baseia em nutrição adequada, atividade física, controle de doenças e várias outras características reveladoras do estilo de vida. Sobre este aspecto se faz necessário, que o trabalhador receba uma educação sobre o processo de envelhecimento, para que esse possa se conscientizar da necessidade de prevenção.
Percebi então, que o exercício físico é uma ferramenta que possibilitava retardar a evolução dos processos negativos associados ao envelhecimento e que este, auxilia os trabalhadores a aliviarem ou retardar sintomas de dor. Porém, para que um programa voltado para a qualidade de vida dos trabalhadores, que até poderíamos chamá-lo de: “Programa de Educação para um Processo de Envelhecimento Saudável”, venha ter eficácia na sua totalidade se faz necessário à contribuição de outros profissionais no desfio de promover a conscientização e a participação efetiva das pessoas.
7 – ALUNA PEC NA UFRGS
Senti a necessidade de buscar um maior conhecimento, no sentido de saber como os trabalhadores da indústria, podem vir a ter, a implementação e a consolidação de uma educação participativa e uma gestão democrática para o processo de envelhecimento, promovendo uma melhor qualidade de vida para estes. Então, senti a necessidade de buscar na Universidade respostas ás minhas perguntas. A resposta surgiu através da UFRGS, com o professor Johannes Doll, na disciplina: Educação e envelhecimento: Fundamentos teóricos para uma pedagogia da Terceira Idade.
Cursei a disciplina citada a cima de março á julho de 2003, tendo esta como proposta dar uma visão resumida das discussões teóricas educacionais e relacionar esta discussão com os processos educacionais voltadas para a terceira idade. Desta forma, a disciplina pretendeu dar uma contribuição para a fundamentação teórica de uma pedagogia para a terceira idade. Porém, a disciplina foi além, pois nos oportunizou o diálogo, a troca de experiências entre os sujeitos de diferentes áreas de conhecimento, a crítica reflexiva, nos instigou a curiosidade e à compreensão do processo de envelhecimento.
A disciplina levou-nos a refletir sobre nossa prática, sobre a necessidade de analisar as condições de produção desse trabalho, ou seja, a levar em conta as dimensões sociais, culturais, políticas e econômicas que interferem na nossa prática pedagógica, fez pensarmos sobre a necessidade de uma educação permanente, sobre as características de uma pedagogia para adultos maduros e idosos, sobre as características e conhecimentos necessários para que o professor atue nessa faixa etária e trouxe-nos um conhecimento que derrubou antigos mitos. Ainda, nos oportunizo a refletir, sobre as questões familiares que estão envolvidas com o envelhecimento, questões sobre saúde, trabalho aposentadoria. Passamos a refletir sobre as mudanças necessárias na urbanização, no transporte coletivo, nos produtos e no lazer. Mudanças essas necessárias para que os idosos tenham maior autonomia, podendo exercer sua cidadania.
Tanto essa disciplina, quanto o curso de extensão – Conversando 2004- Educação e Envelhecimento: perspectivas pedagógicas me motivaram, a fazer uma boa revisão da literatura sobre o processo de envelhecimento. Estas leituras me oportunizaram a percepção de que a escola continua produzindo exclusão, discriminação, o que vem levando grupos a se organizarem e reivindicarem melhores condições de vida, educação e trabalho e a reduzir os preconceitos e aumentarem o conhecimento sobre o assunto.
Por isso, com a experiência profissional que tive, com as atividades que me proporcionou a disciplina cursada no programa de educação na UFRGS, constatei a necessidade e a possibilidade de uma atuação profissional mais eficiente nas linhas de pesquisa e temática oferecidas pelo programa, uma abertura, através do Mestrado para a compreensão e atuação numa sociedade opressora, em favor da sociedade mais numerosa, a dos oprimidos, na linha de pesquisa: Trabalho, Movimentos Sociais e Educação.
8 – MESTRADO EM EDUCAÇÃO - UFRGS
Em março de 2005 iniciei o Mestrado em Educação na linha: “Trabalho, Movimentos Sociais e Educação”, com a temática do Envelhecimento, sendo orientada pelo Prof. Dr. Johannes Doll. Desde o primeiro dia de aula, sentia que o Mestrado me oferecia muitas possibilidades de aprendizagem me deixando frente a descobertas prestes a transformar minha prática docente, oportunizando um crescimento como pessoa e como profissional.
Defendi o projeto de dissertação em julho de 2006, com o seguinte título: “Envelhecer Saudável no Mundo do Trabalho: uma análise da interação dos educandos no módulo ‘Saúde e Cidadania’ do Programa Integrar”, que propôs a inserção de conteúdos sobre o processo de envelhecimento no currículo do Programa Integrar, bem como um acompanhamento crítico-reflexivo, dessa mudança curricular dentro do módulo de “Saúde e Cidadania” onde atuei como Educadora Social. Destaco que a Política Nacional do Idoso estabelecida através da Lei n° 8.842 trás a obrigatoriedade de inserção nos currículos de conteúdos voltados para o processo de envelhecimento, de forma a reduzir o preconceito e aumentar o conhecimento sobre o assunto.
O Programa Integrar de Formação Profissional e Elevação da Escolaridade foi idealizado em 1996 pela Confederação dos Metalúrgicos, sua elaboração aconteceu a partir da ação do Movimento Sindical Metalúrgico da CUT e das resoluções do 3° Congresso Nacional dos Metalúrgicos da Confederação Nacional dos Metalúrgicos – CNM/CUT, sendo este então, uma experiência dos metalúrgicos na educação de adultos.
Este Programa tem em sua gênese a articulação da formação para o trabalho com a formação geral, com certificação em nível fundamental e médio, assim como a geração de trabalho e renda, o combate ao desemprego e à exclusão social através de uma concepção de educação que contribua na formação de um cidadão crítico, criativo e com capacidade de intervenção social. Esse curso destina-se a trabalhadores preferencialmente do ramo da metalurgia, desempregados (as) ou na iminência de se tornarem. Como requisito, é necessário que se tenha idade igual ou superior a 25 anos e que se saiba ler e escrever, o curso é gratuito, oferece vale transporte e lanche.
Outro aspecto fundamental na estrutura do Programa Integrar é que, como ele tem como fundamento à lógica do trabalho e sendo constituído de trabalhadores adultos, buscando um movimento de transformação da própria realidade. Nesta lógica a pratica pedagógica é um processo de engajamento de transformação da própria realidade. Nesta lógica a pratica pedagógica é um processo de engajamento entre educadores e educandos, e a aula um espaço de reflexão e ação transformadora.
O papel do educador neste Projeto, não se defini em função de sua formação específica, assim ele deixa de ser “professor de Matemática, Português, Geografia, etc.” e passa a ser um articulador do processo de formação, uma liderança política e intelectual. A diferença entre educadores e educandos está na experiência de vida, não no conhecimento específico dos conteúdos, mas na maior experiência que tem com os discursos da escrita – isto é, em seu maior letramento. É esta experiência, que justifica a ação pedagógica.
Sem dúvida que se propõe aqui outra concepção de educação e de educador, onde o educador se dispõe a aprender e a fazer com o aluno aquilo que também ele não sabe e sente necessidade de saber. A esta perspectiva de trabalho pedagógico, onde há o envolvimento de grupos de educandos com o educador, chamamos de unidocência.
Em relação à avaliação, esta ocorre como parte da construção do conhecimento, a qual é realizada durante o percurso formativo, tendo como finalidade re-alimentar a crítica, dando oportunidade para aqueles que dela participam possam interferir na própria dinâmica dos acontecimentos, para que os objetivos sejam alcançados e revistos. Todos participam da avaliação, e esta é permanente num constante processo de ação-reflexão-ação.
O Programa, no seu módulo de saúde, trabalha na perspectiva de possibilitar ao educando o estudo de saúde indo além do entendimento – saúde como questão médica – ele busca a consideração de tudo o que se associa à vida. Ao analisarmos os conteúdos abordados, percebemos que o processo de envelhecimento não estava sendo contemplado neste currículo e propomos a discussão-reflexão-ação, da importância e relevância de inserirmos esta temática.
A partir desse momento, então, iniciei com a utilização de elementos da pesquisa-ação com 34 educandos do ensino fundamental, 18 mulheres e 16 homens com idade média de 38 anos, com a investigação (questionário, entrevistas e observações) dos conhecimentos e percepções dos mesmos sobre saúde, doença e envelhecimento. Como foco principal busquei saber como eles vêem a velhice, que relatos e concepções trazem sobre ela e expectativas para esta fase de sua vida. Com base na análise dos instrumentos e na observação realizada constatei que os educandos apontam em sua maioria o medo de ficar velho e doente, devido ao fato de associarem velhice com doença.
Partindo dos dados analisados, trabalhamos com os educandos no período de 24 de março a 25 de abril de 2006, num total de 200 horas aula. Oportunizamos nesse período aos educandos discussões/reflexões sobre as seguintes questões/tópicos referentes ao processo de envelhecimento: Idosos quem são? Como podemos permanecer ativos e independentes à medida que envelhecemos?Um grande número de idosos causará a falência de nossos sistemas de saúde e de previdência social?Família e idoso como é essa relação? Fatores determinantes do envelhecimento (cultura, gênero, serviços sociais e de saúde, determinantes comportamentais, pessoais, sociais, econômicos e ambientes físicos).
Tive como objetivo aumentar o conhecimento dos educandos sobre o envelhecimento, bem como, desmistificar a idéia de que envelhecer significa ficar doente e sim a velhice pode ser uma fase da vida saudável, desde que nos preparemos para ela, cuidando de nossa saúde em todas as fases de nossa vida. Após, os resultados finais desta pesquisa, retomarei as discussões com os coordenadores do Programa Integrar, no sentido de garantir a permanência da temática do processo de envelhecimento no currículo, visto a relevância da mesma numa concepção de educação ao longo de toda a vida.
Apresentei o Projeto de Mestrado na IV Jornada da Associação Nacional de Gerontologia – ANG/RS, no mês de julho de 2006, sob orientação do Prof. Dr. Johannes Doll, cujo título, “Programa Integrar: Educação para o Envelhecimento Saudável” onde recebi o prêmio destaque em apresentação de pôster. Também, no dia 27 de novembro de 2006 recebi o 2° lugar do prêmio FEEVALE Caixa RS Responsabilidade Social na categoria trabalho acadêmico. Esses momentos foram importantes para mim, acredito não esquecê-los jamais, receber o reconhecimento do trabalho que fazemos é algo que vem a nos motivar ainda mais no sentido de melhorarmos nossa ação pedagógica.
No Mestrado a partir de disciplinas que tenho cursado com os professores: Jorge Ribeiro, Carmem Craidy e em especial com o meu orientador o professor Johannes, passei a entender o sentido da cidadania como o ato de comprometer-se com os valores universais da liberdade e da vida condicionados pela igualdade. Este compromisso implica em reconhecer a humanidade como grupo social e considerar as relações humanas como relações de reciprocidade.
Além disso, compreendi que a cidadania pressupõe o desenvolvimento de valores éticos que se objetivam nas seguintes virtudes cívicas: solidariedade, tolerância, justiça e valentia cívica, engendradas na relação da vida pública e privada. A legitimidade social, destas virtudes, significa a constituição de cidadãos, que apóiam a construção de um mundo sócio-político mais justo, onde a dominação e a submissão sejam superadas. Percebi que os legados às gerações futuras, são de responsabilidade coletiva dos cidadãos de hoje e para tanto, se faz necessário refletir sobre a educação que estamos transmitindo.
No caso específico do idoso a dimensão de liberdade e conseqüentemente, o exercício da cidadania, dependem da criação de condições favoráveis à manutenção de seu poder de decisão, escolha e deliberação. Tais condições serão efetivadas, quando a sociedade perceber que precisa mudar seu comportamento em relação ao envelhecimento. A sociedade brasileira precisa ser educada para prestar o devido respeito às pessoas idosas. É preciso refletir sobre a aprendizagem nos movimentos sociais, resgatando a história e a dignidade humana, pois a cidadania em muitos aspectos continua restrita apenas a elite brasileira.
Tanto no Mestrado quanto na minha experiência profissional aprendi que o papel do professor (a) é de formar cidadãos críticos, pois quanto mais criticamente se aprende, mais se constrói o conhecimento. Nesse caso o professor (a) deve oportunizar a reflexão em sala de aula com os educandos (as), sendo ele (a) um mediador, crítico, problematizador, observador, tendo sempre a preocupação de observar, respeitar as diferenças individuais, as contradições, a cultura e a realidade de cada aluno (a).
9- PÓS-GRADUAÇÃO EM PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL AO ENSINO MÉDIO NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – PROEJA
Comecei em agosto de 2006 na especialização do PROEJA que tem como proposta a integração da educação profissional técnica de nível médio ao ensino médio na modalidade EJA que atenda à demanda de jovens e adultos, pela oferta de educação profissional da qual são excluídos. Neste se pretende garantir aos educandos uma formação com a cesso ao universo de saberes e conhecimentos científicos e tecnológicos produzidos historicamente pela humanidade.
Esta especialização está sendo bastante rica para o meu conhecimento, pois como não fiz pedagogia estou tendo acesso a teorias que ajudarão para o meu enriquecimento docente e pessoal.
A nossa turma é bastante heterogênea, pois o nosso grupo é formado das mais diversas áreas de conhecimento e locais de trabalho, tais como: Escola Técnica da UFRGS, Colégio de Aplicação da UFRGS, UNED Sapucaia do Sul, Escola Agrotécnica de Alegrete, MST, Programa Integrar, escolas Municipais e Estaduais, etc. Esta diversidade de realidades que os colegas trazem são altamente produtivas para as nossas reflexões sobre os textos que discutimos em aula, uma vez que trás diferentes visões de realidades muito distintas.
Através de apresentações estou conhecendo as experiências dos meus colegas como professores de adultos, venho observando as múltiplas possibilidades de projetos pedagógicos, e percebo o empenho destes e a paixão pela educação.
Parte do nosso grupo foi visitar, pesquisar, o Instituto técnico de Pesquisa da Reforma Agrária onde funciona o Instituto de Educação José de Castro, localizado na cidade de Veranópolis, Região Serrana do Rio grande do Sul. No Instituto funciona a escola de Nível Médio Técnica do MST. Este momento foi importante, uma vez que, ficamos conhecendo a proposta pedagógica do MST e por oportunizar um convívio maior com nossos colegas.
10- CONCLUSÃO
Todas as experiências são aprendizados. Neste escolhi escrever sobre alguns aprendizados que ajudaram a me constituir como pessoa que sou hoje. Quero deixar registrado o meu agradecimento a todos (as) as pessoas que mesmo por breve momentos estiveram presentes em minha vida, me auxiliando para o meu crescimento. Por acreditar que ao escrever um memorial não há conclusão, quero neste espaço deixar uma mensagem:

“Só passarei por este mundo uma vez.
Assim, todas as boas ações
que possa praticar
e todas as gentilezas
que possa dispensar
a qualquer ser humano,
devo aproveitar
este momento
para fazê-lo.
Não devo adia-las
nem esquecer-me delas,
pois não voltarei
a passar por este caminho.”
(Autor desconhecido)

11- REFERÊNCIAS
ALVES, Rubem. UMA ESCOLA PARA VOAR. Disponível na web.: Acesso em: 30 de novembro de 2006.
PACHECO, Jaime Lisandro. EDUCAÇÃO, TRABALHO E ENVELHECIMENTO: estudo das histórias de vida de trabalhadores assalariados focalizando as relações com a escola, com o trabalho e com os possíveis sintomas depressivos, após a aposentadoria. [Tese de Doutorado em Educação - Universidade Estadual de Campinas], 2002, Campinas, SP.

5 comentários:

Ademar disse...

Parabéns pelas conquistas. Fiquei feliz ao ler uma obra de uma colega do Polivalente, do curso de auxiliar técnico de mecânica do "Gensa" e da mesma universidade (UNISINOS).

Anônimo disse...

http://prixviagrageneriquefrance.net/ viagra
http://commanderviagragenerique.net/ commander viagra
http://viagracomprargenericoespana.net/ viagra
http://acquistareviagragenericoitalia.net/ viagra acquisto

Anônimo disse...

Parabéns pelas conquistas realizadas!!!!

Anônimo disse...

Parabéns pelas conquistas realizadas!!!!

Anônimo disse...

Parabens angela, fico feliz pelas conquistas, acho que não se lembra de mim, mas estudamos juntos, fizemos mecanica no Gensa, voce era a unica menina da turma, eu acabei saindo e fui terminar meu ensino medio na escola Dom Feliciano. Na epoca quem dava aulas de mecanica era o professor Carverna, acho que era este o seu apelido. mas valeu

Abraços

Norberto