Memorial de Cácia Isabel Schönhofen da Silva


A minha história como sujeito, protagonista, que estabelece relações, reflexões, diálogos, que caminha com sua vivência profissional começa com o meu nascimento.
Então, eu CÁCIA ISABEL SCHÖNHOFEN DA SILVA , nasci no dia 25 de fevereiro de 1964, na cidade de São Jerônimo, pois aqui em Charqueadas não havia hospital.
Entrei na escola aos sete anos e lembro ainda quando entrei na 1ª série, professora Ilca que trabalhava o alfabeto colorido(giz colorido).
Passei série a série, brinquei com meus colegas. Ainda tenho vivo em minha memória as brincadeiras a tardinha ( calhente, ovo podre, taco...)
Mais tarde, entrei no 2º grau, “Escola Normal”, em São Jerônimo, pois não tínhamos aqui este curso.
Comecei a trabalhar, dar aula para uma segunda série, quando cursava o magistério. Ministrava as aulas e estudava. Aqui entro eu para o “holl” das professoras. A escola onde comecei a trabalhar se chamava Escola Sindicato dos Mineiros, pois a nossa cidade tinha na época “mina de carvão”. Fiz meu estágio nesta turma, onde eu era a minha própria titular.
Com o passar dos anos esta escola ganha um novo prédio, passa a se chamar Escola Horácio Prates. Lembro também do prédio anterior que para dar aula precisávamos passar por dentro da sala de aula da colega, não podíamos falar alto, tal precariedade, pois atrapalhava quem estava dando aula ao lado, mas este tempo era bom, legal.
Nesta escola, permaneci por 4 anos e logo fui transferida para a minha atual escola, que é a onde estou há 24 anos. Cheguei com a implantação das 5ª séries.
Nós construímos os planejamentos e iniciamos, arregaçamos as mangas e começamos o nosso trabalho.
Minha Diretora, na época era Zilda Tassinari, pessoa de quem gosto muito e muitas coisas aprendi, nos ensinou, com um coração enorme, maravilhoso.Ali, com ela fiu Supervisora, não sabia nada a respeito, mas fui aprendendo com ela e com as próprias colegas.
Passamos por várias épocas, políticas e como sabem ,aqui é interior e vigora muito as “políticas” para empossarem ou tirarem quem querem dos cargos (supervisoras).
Cursei, em São Jerônimo Estudos Adicionais de Estudos Sociais.
Ano vai, ano vem e eu adquiri uma estabilidade, comprei meu primeiro carro, fui trabalhar a noite como secretária de uma escola Cenecista. Fiz vestibular e passei pa Pedagogia – Supervisão Escolar.
Entre para a universidade, ULBRA, conheci novas pessoas, adquiri novos conhecimentos que vieram a contribuir em minha caminhada profissional.
Conclui a faculdade e um peso saiu de meus bolsos, passou a sobrar dinheiro.
Ano vai, ano vem e decidi fazer um curso de Pós-Graduação, Supervisão Escolar, Faculdade de Bagé, ministrado em Porto Alegre, na Associação dos Supervisores Escolares, na Borge de Medeiros.
Aqui, novamente, estou Supervisora. Vou aos fins de semana para Porto Alegre, para realizar este curso de Pós. Estudo, namoro, encontro alguém que já havia passado em minha vida a uns dez anos atrás. Voltamos a namorar e aqui surge a melhor coisa de minha vida, o nascimento de meu filho Henrique, hoje com três anos, feliz, alegre que vai para a creche desde bebê.
Aqui, minha vida dá uma vira volta legal, que trás muito brilho e alegria a todos que estão a minha volta. Começo a entender muitas coisas a partir do momento que tenho uma criança junto a mim, dependente.
Atualmente, estou na mesma escola, Escola Municipal de Ensino Fundamental São Miguel, estou Gestora, Vice- diretora, entramos dia 21 de janeiro de 2008. É emocionante, gratificante e até mesmo as vezes estressante trabalhar, estar gestora, pois passamos a botar em prática muitas coisas que aprendemos com este curso maravilhoso que tive a oportunidade de estar realizando.
Este espaço profissional, é minha vida, não saberia viver em outro espaço, pois estou nele a 28 anos, e aprendemos diariamente com nossos alunos, professores , pais e funcionários desta comunidade escolar.
Ah, nesta trajetória, fui professora de: 2ª série, 4ª série, 5ª série, 6ª série, 7ª série e 8ª série, disciplinas de: Língua Portuguesa, Estudos Sociais, História, Moral e Cívica que não tem mais e preparação para o trabalho que também não tem mais, Artes, Filosofia e Laboratório de Aprendizagem.
Esses fatos fazem parte de minha vida profissional e pessoal durante os quarenta e quatro anos de minha vida, existência.
Vamos lá, em frente que atrás vem gente e como diz EDGAR MORIN, em seu livro “A cabeça bem-feita ( 1999), no cap. 6, intitulado “Aprendizagem Cidadã”, que afirma que a “Educação deve contribuir para a auto- formação da pessoa ( ensinar a assumir a condição humana, ensinar a viver), ensinar como se tornar cidadão. Um cidadão é definido, em uma democracia, por sua solidariedade e responsabilidade em relação à sua prática.” (MORIN, 1999, P. 65).
Pois, nós educadores não devemos só transmitir conhecimentos sempre mais numerosos ao aluno, mas sim, criar nele um estado interior e profundo, uma espécie de polaridade de espírito que oriente em um sentido definido, não só durante a infância, mas para a vida toda. (MORIN, 2000).
Para nós ensinar a viver em sociedade não só precisamos de conhecimentos, mas também de transformação do ser, desse conhecimento adquirido em sabedoria e da incorporação dessa sabedoria para a vida toda.
E claro, estando no papel de “Gestores” precisamos trabalhar com clareza, transparência, democracia, responsabilidade, liderança, organização, para que o todo, a escola, trabalhe em harmonia.

“O modo de produção de vida material (como exigência para a sobrevivência), desenvolvimento social, política e intelectual em geral, não é consciência dos homens que determina o seu ser: é o ser social que inversamente determina sua consciência.” (MARX, Karl. Contribuição à crítica da economia política. São Paulo, p. 21, 1977).

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