EDUCAÇÃO E EDUCADOR EM PROCESSO DE CONSTRUÇÃO: O CAMINHO SE FAZ AO CAMINHAR
Luciano Rodrigo da Silva
“Memorial apresentado ao curso de Especialização em Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada ao Ensino Médio na Modalidade Educação de Jovens e Adultos, desenvolvido junto à Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, servindo, este, como avaliação do primeiro módulo do curso”.
PORTO ALEGRE, 2006
“A todos os educadores que acreditam que uma outra educação é possível, mas que para isso também eles precisam modificar-se diariamente”.
“Falar de alfabetização de adultos e de bibliotecas populares é falar, entre muitos outros, do problema da leitura e da escrita. Não da leitura de palavras e de sua escrita em si próprias, como se lê-las e escrevê-las não implicasse uma outra leitura, prévia e concomitante àquela, a leitura da realidade mesma.
Paulo Freire”
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
EXPERIÊNCIA EM ESCOLA RURAL
INÍCIO DO FASCÍNIO PELA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
PRIMEIROS PASSOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
(...) Até o dia 11/11/06 não havia escrito uma única linha deste memorial. Neste dia tivemos em nosso curso (PROEJA) a presença, sempre positiva do professor Adriano Nogueira. Este fez inúmeras ponderações e desmistificou uma série de medos que eu tinha quanto à realização deste trabalho.
Confesso não estar, ainda, muito certo de que conseguirei colocar no papel aquilo que, neste instante, passa em minha cabeça. Entretanto, vamos lá.
Este é o primeiro memorial que escrevo e, muito provavelmente, será passível de várias observações.
Em uma atividade proposta pelo professor Adriano, as pessoas que ali estavam deveriam formar pequenos grupos e discutir sobre o tema que ele estava abordando. Acredito ter sido um pouco privilegiado, pois o meu grupo era composto, além de mim, pelos colegas Paulo, João, Elisete, Dalva e os professores Alexandre Virgínio e Rafael.
Desde o início do curso, quando foi proposto este primeiro trabalho, fiquei um pouco perdido. Por nunca ter escrito nada nestes moldes sentia-me com bastante dificuldades.
Quando os colegas iniciaram suas intervenções, comecei a perceber que as dúvidas, dificuldades e medos eram parecidos com os meus. Alguns que já haviam feito outros memoriais afirmavam que cada um é diferente do outro. Concordo com esta afirmação pois, se somos diferentes a cada instante, com certeza gostaríamos de dizer coisas diferentes em diferentes momentos.
Chamou-me a atenção uma fala do professor Alexandre. Dizia ele, referindo-se aos memoriais, que não, necessariamente, precisam começar pelo começo. Explico: Nossa vida, seja cronológica, profissional ou qualquer outra forma que tentemos descrevê-la, não é linear. A partir disso, por que um memorial deveria sê-lo?
Neste momento tive a idéia de fazer meu memorial iniciando pelo final. Ou seja, a partir daquele momento (que, aliás, já está descrito aqui).
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
As coisas acontecem em minha vida de maneira bastante rápida. Não sei explicar os motivos porque isso ocorre e, confesso, algumas vezes me assusto com essa rapidez.
Há dois anos atuo na Secretaria Municipal de Educação de Viamão. Atualmente desempenho a função de diretor pedagógico e sou responsável por uma equipe de aproximadamente 20 pessoas.
Entre julho de 2005 e agosto de 2006 exerci a função de coordenador pedagógico e era responsável pela equipe que tenta auxiliar os educadores na suas tarefas do dia-a-dia, bem como na superação das dificuldades que estes enfrentam no seu trabalho. Antes disso, desde janeiro de 2005, estive assessor pedagógico.
Sou professor concursado deste município e fui convidado pela secretária de educação para fazer parte de sua equipe quando esta assumiu aquela função.
Tivemos uma série de dificuldades quando chegamos à secretaria. Coloco no plural porque, apesar de o mesmo partido ter se mantido à frente da prefeitura, das pessoas que passaram a compor a equipe, muito poucas eram remanescentes daquela administração. Era tudo muito novo para todos, inclusive para mim.
Algumas demandas teriam que ser atendidas quase imediatamente. Dez ambientes informatizados estavam instalados. Porém, as autorizações que acompanharam as máquinas simplesmente desapareceram durante o período de transição e, durante um ano tivemos que “correr atrás” de novas autorizações. Resolvida a questão das licenças, tínhamos que ver se as máquinas estavam funcionando. Não foi surpresa quando, depois de um ano e meio instaladas e sem uso, os computadores não funcionassem. Mais espera. Contratamos uma equipe que revisou todas as instalações e colocou os ambientes em condição de funcionamento. Agora se fazia necessário a contratação dos profissionais para coordenar os espaços. Depois de muitas negociações com o prefeito e pesquisas em universidades, chegamos à conclusão de que os profissionais mais adequados para trabalhar nestes locais seriam os estudantes de pedagogia multimeios. Firmamos, então, convênio com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Outra necessidade para Viamão seria um Centro de Apoio aos alunos com algum tipo de necessidade especial. Esta luta também não foi fácil.
Algumas pessoas do governo não têm o entendimento de quão importante é este local para os educandos e tentam barrar nossa iniciativa. Argumentos do tipo: “A secretaria de educação não pode contratar psicólogos. Isso cabe a secretaria de saúde”. Porém, na prática, alunos ficam dois anos na fila de espera por um atendimento. Isso nos desgasta demais. Mas continuamos a peleja. Hoje, já temos o local (cedido pela secretaria de cultura). Temos, ainda, um arte-educador, uma psicóloga, uma fonoaudióloga, uma psicopedagoga e uma pedagoga. Todos com concursos fora de sua formação mas que se disponibilizaram a atuar e a sonhar nosso sonho.
Quando cheguei à secretaria, em janeiro de 2005 tinha o sonho de mudar a educação em Viamão. Acredito que todos que lá chegam têm este mesmo sonho. Entretanto, a realidade e as dificuldades burocráticas nos colocam “pra baixo” e é preciso persistir.
Os dois projetos acima relatados estarão em funcionamento em março de 2007 (se nenhuma barreira burocrática aparecer).
Outra questão que me fascina é a educação ambiental. Viamão é o maior município da região metropolitana. Tem características geográficas ímpares. Entretanto a educação ambiental não passa de discurso. Resolvemos comprar outra briga. Um centro de educação ambiental para alunos da rede pública municipal. Este sonho ao contrário dos outros dois já está em prática.
Nosso município, por sua secretaria de agricultura, possui uma granja municipal e, depois de muitas negociações com outras secretarias, conseguimos, lá, construir uma “casinha” e, com duas escolas iniciar este trabalho que funciona mais ou menos assim: Oito alunos da quinta-série das E.M.E.F. Castelo Branco e E.M.E.F. Dom Diogo de Souza, duas vezes por semana em turno inverso ao das aulas, são levados por um veículo da secretaria até este local onde recebem aulas de paisagismo, permacultura, compostagem, reciclagem, etc.
Participam deste trabalho, além da secretaria da educação, as secretarias do desenvolvimento econômico, agricultura, planejamento (departamento de meio ambiente), obras (departamento de limpeza urbana).
Coisas pequenas, porém práticas como o “Frutificar” (nome dado ao projeto) são o alento que nos move na continuação de nosso trabalho.
Atualmente estamos passando por um período de turbulência política interno. Não sei se em 2007 estarei na secretaria ou em alguma escola. Porém, se estiver vendo em funcionamento nossos sonhos de levar os laboratórios de informática para as comunidades escolares, se tivermos o centro para apoiar os alunos com dificuldade de aprendizagem e pudermos continuar com o Frutificar, sairei com o sentimento, não de dever cumprido, mas de dever em processo de cumprimento.
É importante destacar nessa minha estada na secretaria de educação algumas frustrações.
Quanto aos colegas professores passei a perceber um discurso “coitadista”. Qualquer proposição feita e que, de alguma forma mudará a rotina em suas atividades de trabalho são, sempre rechaçadas. Existem, evidentemente, as exceções. Aqueles profissionais que tem consciência que seu papel é muito maior que, simplesmente, “dar aulas”.
Falo isso mais especificamente por conta de proposições e, sob minha ótica, avanços no processo Educacional de Jovens e Adultos.
Já quando estava lotado na escola, nos anos de 2003 e 2004, não entendia os motivos porque a legislação municipal previa que 20% da carga horária dos professores para estudos e planejamento não era cumprido. Passei a me dar conta que as escolas utilizavam-se desta questão para, ao invés de oferecer quatro horas por noite durante quatro noites aos alunos e uma noite para estudos, reduzia o tempo em cada noite para três horas e trinta minutos durante cinco noites e desconsiderava o tempo de planejamento.
Fizemos, então, a partir de 2006, esta alteração e a “chiadeira” foi geral. Argumentamos, ainda, que trabalhar com EJA não é a mesma coisa que trabalhar com crianças. Os índices de evasão em Viamão são, ainda, assustadores. Uma pergunta que sempre faço é a seguinte: “O que faz alguém em março procurar a escola, voltar a estudar e em agosto, setembro desistir?”. Pra mim só tem uma resposta: “Estímulo”. O adulto não é obrigado por ninguém a freqüentar um local que não lhe agrade e, uma aula idêntica aquela que é oferecida às crianças vai resultar no abandono da escola por parte dele.
Tenho consciência que uma mudança cultural leva muito tempo, mas, sinceramente, a EJA tem sido minha grande frustração à frente dos setores pedagógicos da secretaria municipal de educação.
Mas, o período 2005/2006 de minha vida não se deu apenas entre as “quatro paredes” da secretaria de educação. Neste intervalo minha vida mudou bastante. Depois de 28 anos morando com alguém (pais, avó, tias, tios), resolvi morar com minha namorada que, já há sete anos estava comigo. È bem verdade que esta decisão veio depois de um período de turbulência em nosso relacionamento.
Ao final de 2004 separamo-nos e assim permanecemos por um ou dois meses. Quando voltamos decidimos viver “nossa vida”. Morávamos em Porto Alegre e mudamo-nos para Viamão em fevereiro de 2005.
Tive neste período, também, duas perdas muito significativas: em meados de 2005 um tio muito querido (irmão de minha mãe) faleceu repentinamente. Tínhamos uma relação bastante próxima e foi um momento muito difícil. Um ano depois minha avó também faleceu. Esta perda foi tão dolorida quanto a anterior. Porém, pelo avançado da idade e fragilidade da saúde, era algo esperado. Nos entristeceu demais mas não chocou como a morte de meu tio.
EXPERIÊNCIA EM ESCOLA RURAL
Antes de ser convidado para fazer parte da secretaria de educação (logo mais explico como isso aconteceu) trabalhei em duas escolas municipais de Viamão com realidades completamente distintas.
Uma dessas escolas localiza-se na zona rural do município e possui menos de duzentos alunos. Esta se chama E.M.E.F. Amador Nunes da Rocha e possui uma turma de cada série. Nela lecionei História, Ensino Religioso e, até mesmo Educação Física. Fiquei impressionado com a proximidade entre os profissionais que lá trabalham. Boa parte dos professores, se ainda não moram não arredores, mudaram-se para lá.
Não vejo esta situação como positiva. Acredito que passam a sentir-se um pouco donos da escola quando, na verdade, aquele espaço é seu local de trabalho.
Os dois anos que lá permaneci foram muito proveitosos. Aprendi bastante mas tive alguns momentos em que ficava incomodado com algumas situações. Poderia citar muitas. Mas uma delas ilustra tudo aquilo que eu não gostava na escola:
A diretora da escola tem duas irmãs que lecionam lá. Além de ser diretora da escola é, também “algum tipo de liderança” na comunidade católica da região. O terreno onde a escola foi construída foi doado pelo Sr. Amador Nunes da Rocha (que era bisavô da diretora) para a construção de uma escola e uma igreja. Em resumo, a escola ficou com 1/5 da área e a igreja com o restante. Esta situação causou uma série de contratempos para a escola pois, os alunos não tem espaço, nem mesmo, para prática de educação física ou ensaios da banda escolar (muito comuns nas escolas viamonenses).
Qualquer reivindicação por parte da comunidade escolar no sentido de utilização dos espaços de terras não utilizado pela igreja é imediatamente rechaçada pela diretora pois, “aquele espaço é da igreja e a escola não tem direto de se apropriar dele”.
Uma dessas escolas localiza-se na zona rural do município e possui menos de duzentos alunos. Esta se chama E.M.E.F. Amador Nunes da Rocha e possui uma turma de cada série. Nela lecionei História, Ensino Religioso e, até mesmo Educação Física. Fiquei impressionado com a proximidade entre os profissionais que lá trabalham. Boa parte dos professores, se ainda não moram não arredores, mudaram-se para lá.
Não vejo esta situação como positiva. Acredito que passam a sentir-se um pouco donos da escola quando, na verdade, aquele espaço é seu local de trabalho.
Os dois anos que lá permaneci foram muito proveitosos. Aprendi bastante mas tive alguns momentos em que ficava incomodado com algumas situações. Poderia citar muitas. Mas uma delas ilustra tudo aquilo que eu não gostava na escola:
A diretora da escola tem duas irmãs que lecionam lá. Além de ser diretora da escola é, também “algum tipo de liderança” na comunidade católica da região. O terreno onde a escola foi construída foi doado pelo Sr. Amador Nunes da Rocha (que era bisavô da diretora) para a construção de uma escola e uma igreja. Em resumo, a escola ficou com 1/5 da área e a igreja com o restante. Esta situação causou uma série de contratempos para a escola pois, os alunos não tem espaço, nem mesmo, para prática de educação física ou ensaios da banda escolar (muito comuns nas escolas viamonenses).
Qualquer reivindicação por parte da comunidade escolar no sentido de utilização dos espaços de terras não utilizado pela igreja é imediatamente rechaçada pela diretora pois, “aquele espaço é da igreja e a escola não tem direto de se apropriar dele”.
INÍCIO DO FASCÍNIO PELA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
A outra escola na qual lecionei foi a E.M.E.F. Monte Alegre – CAIC. Neste local trabalhei à noite com Educação de Jovens e Adultos. Sem dúvida foi o local onde tive meus maiores aprendizados.
Acredito ter tido a sorte de encontrar nesta escola colegas que, realmente, gostavam daquilo que faziam e, trabalhávamos em conjunto. O planejamento coletivo foi o momento mais rico que vivi naquela escola.
A EJA do Caic era, sem dúvida, muito mais que “aula”. Poderia relatar inúmeros fatos que apoiariam minha afirmação. Mas acho que um caso descreve muito bem oque era aquela “verdadeira comunidade escolar”.
Um aluno chamado Jean, quando ingressei na escola, me abordou ao entrar na sala de aula (bastante atrasado) com a seguinte frase: “Quem tu é?” Com um tom de voz bastante agressivo. Estava sob efeito de drogas (cola de sapateiro, muito provavelmente). Nas aulas dormia o tempo todo ou entrava e saia o tempo todo da sala.
A, então, diretora da escola, Iara, que hoje é uma das assessoras pedagógicas que formam minha equipe na secretaria de educação me chamou e relatou toda a história do Jean. Em resumo: sete irmãos mais novos (ele com 17 anos), a mãe alcoólatra, a avó doente viviam em uma casa de apenas dois cômodos sabe-se lá com que recursos.
Apesar de toda sua história, Jean, era um menino bastante educado e, jamais desrespeitou qualquer pessoa dentro da escola. Até tentava fazer as atividades propostas, mas sem sucesso.
Em 2004 concluiu o ensino fundamental. Estava extremamente feliz na formatura. Tenho consciência que muito pouco conseguimos transmitir de conhecimento científico para ele, mas transmitimos muito de relações humanas e respeito pois, o Jean era o oposto daquilo que dizemos ser o exemplo de aluno mas ele sempre foi tratado como se fosse.
Lembro de uma tarde em que eu estava na escola e o Jean chegou todo machucado. Haviam batido nele por conta de dívidas de drogas. A diretora Iara lhe deu um copo de leite, algumas bolachas e uma toalha. Ele se limpou, comeu e cochilou no sofá da direção. Ali permaneceu até o final do turno da tarde. Quando despertou a diretora disse que fosse pra casa e sua resposta foi: “Vou pra casa fazer o que? Brigar? Prefiro ficar aqui até a aula da noite”. Ali permaneceu.
Perdi o contato com ele durante o ano de 2005. No início de 2006 perguntei por ele e tive a grata surpresa quando me foi respondido que estava trabalhando e realizando um tratamento contra dependência química. Sua referência continuava a ser a escola, pois, sempre que podia passava por lá.
PRIMEIROS PASSOS
Antes de chegar nas escolas Amador e Caic fiz minha graduação na FAPA. Confesso que ingressei no curso de história ao acaso. Estava completamente sem opção. Havia feito um vestibular para Ciências Econômicas quando saí do ensino médio (então 2° grau) e outro pra História. Ambos na UFRGS. Oque, realmente, queria cursar era direito. Então uma amiga me disse que tentasse mais uma vez história pois era um curso interessante. Foi oque fiz. E, entre 1997 e 2002 concluí minha graduação.
Foi um curso muito bom, mas ao mesmo tempo desafiador. Recordo que, ao término do I semestre, tranquei a matrícula, pois não tinha certeza se, realmente, era aquele curso que queria fazer. Depois de um semestre longe da faculdade retornei e não mais parei.
Lembro de uma prova que fiz na disciplina de sociologia e, nesta prova, abordou-se Marx e Durkheim. A prova valia 10 e, eu tirei 3. Nunca, antes da faculdade, havia ouvido falar naqueles caras.
Nunca fui muito dado à leitura e, uma professora que me marcou bastante foi a Vera Barroso. Lembro que, quando fiz a disciplina de História do Brasil I li 36 textos em um semestre somente nesta cadeira. Alguns destes textos eram, na realidade, cópia de livros inteiros. Ou seja, fui obrigado a gostar de ler (felizmente).
Outro professor que me marcou foi Ricardo Fitz. Ser humano fantástico, além de excelente professor e um dos maiores intelectuais com quem já tive contato. Lembro do 11 de setembro. Naquela noite eu tinha aula com ele e, quando cheguei na faculdade (normalmente chegava atrasado por conta do trabalho) praticamente não tinha lugar na sala de aula pois, a maioria dos alunos de história estavam lá para ouvi-lo. Queriam saber, afinal de contas, o que estava acontecendo.
Minha primeira experiência em sala de aula foi neste período. Nunca havia lecionado até meu estágio. Acho até que me saí bem. Porém, uma coisa que jamais vou esquecer foi o dia em que a professora de prática de ensino foi assistir minha aula. Cheguei a perder a voz por conta do nervosismo.
Durante toda a minha faculdade trabalhei paralelamente. No início em uma distribuidora de papéis. Era vendedor. Depois montei uma empresa que prestava serviço de cópias. Não deu certo por causa de discordâncias com meu sócio. Neste momento já havia gasto quase toda a minha rescisão.
Foi quando minha mãe, que trabalhava em um restaurante manifestou o desejo de adquirir uma lancheria. Com oque restou da rescisão comprei e, durante cinco anos trabalhamos, meu irmão, meu pai, minha mãe e eu neste local.
A partir daí conseguimos concluir a graduação, eu e meu irmão.
Quanto aos motivos que me levaram ao caminho da educação, não tenho muito claro. Entretanto, tenho muito bem formado em mim que, para ser um educador, não basta querer, tem que ter algo mais. Alguns podem chamar de “dom”. Outros de “vocação”. Eu não sei definir, mas adoro aquilo que faço e, não consigo me ver fazendo outra coisa.
Nunca, antes de cursar a graduação, havia passado pela minha mente ser professor. A partir do momento em que passei a conviver com a educação mais de perto, não me vejo fora dela. Por este motivo acredito que meu memorial deve ter este limite de tempo.
Pretendo, a partir, deste escrever outros. Mesmo sem haver uma exigência formal. Para praticar, mesmo. Neste, sim, talvez inicie (ou termine) com meus primeiros passos de vida.
Poderia citar pessoas que marcaram minha formação no I° ou II° graus mas não acho que, pela linha que optei para este memorial fosse importante. Hoje, sem dúvida, lembro deles como educadores e são, de alguma forma referências para o “educador Luciano”. Mas naquele momento não os via como alguém em quem me espelharia no futuro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARROYO, Miguel. Imagens Quebradas: trajetórias e tempos de alunos e mestres. Petrópolis: Vozes, 2004.
FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se complementam. São Paulo: Cortez, 1988.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17° edição. Rio de Janeiro: Vozes, 1987.
GENTILI, Pablo (org). Pedagogia da Exclusão: o neoliberalismo e a escola pública. Petrópolis: Vozes, 1995.
MORAES, Maria Cândida. Educar na Biologia do Amor e da Solidariedade. Petrópolis: Vozes, 2003.
OLIVEIRA, Dalila Andrade. Educação Básica: Gestão do Trabalho e da Pobreza. Petrópolis: Vozes, 2000.
PINTO, Álvaro Vieira. Sete Lições Sobre Educação de Jovens e Adultos. 9° edição. São Paulo: Cortez, 1982
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